28 de mar. de 2014

TEXTO - ARI MONTEIRO - FILOSOFIA - PUC

Olá pessoal tudo bem?
Não me atirem pedras......sei que estou em falta com vcs mas, quem é vivo sempre aparece.
Hoje postarei um texto de um querido amigo do curso de História da Filosofia da PUC que aborda a pergunta que fiz na minha última postagem e de quebra deixarei o link do blog dele para vcs visitarem e ver que a Filosofia sempre andará de mãos dadas com a arte!
Fica a dica!


* Podemos ser livres e agir pela espontaneidade de nosso ser? Livrando - se das regras que nos são impostas hoje?

Ari Monteiro

Para fazer uma reflexão sobre a pergunta, usarei o discurso da filosofia, discurso esse, o único que nos desperta o pathos da vontade de saber, como diria Foucault.
A primeira parte da pergunta já nos faz refletir sobre três conceitos (para Deleuze, nos conceitos mora a filosofia) básicos do conhecimento (ou pretensão de) humano. Falamos de “liberdade” (Podemos ser livres), de ação (agir) e de ontologia, ou metafísica (nosso ser), como presente na proposição, são infinitos os caminhos hermenêuticos. Porém, e só assim, com o dilaceramento da frase, podemos refletir para uma pretensa resposta, melhor ainda, para uma reflexão.
A liberdade está na filosofia desde seus primórdios, em Platão com as virtudes e o discurso da razão, em Aristóteles na ética da felicidade e na lógica para estruturar, ou colocar “regras”, na maneira de pensar, de forma a se entender uma proposição. Mas é sem duvida nenhuma em Kant, o maior pensador da moral da história da filosofia, e nos iluministas, que a liberdade, como a conhecemos hoje, entrou para na pauta do mundo moderno. Em um pequeno texto chamado “O que é o esclarecimento” (Aufklärung), o filosofo da moral, diz que na minoridade ( o homem sem autonomia) é dependente de um outro homem, isso é, escravo de alguém ou de alguma coisa, pois nessa condição (minoridade) ele não tem condições de entendimento de sua realidade, ou mesmo de sua direção, e que apenas pelo esclarecimento o homem pode trilhar o caminho do “entender o mundo” e assim fazer suas escolhas, desde que dentro dos conceitos morais (assunto que não vamos tratar aqui). Logo para Kant apenas o esclarecimento pode levar o homem à autonomia, ter condições de fazer escolhas por si mesmo, isto é ter “liberdade de escolha”.
Mais próximo de nossos dias, século XX, encontramos em J.P.Sartre e no seu existencialismo, que podemos chamar do ultimo sistema filosófico da historia da filosofia, encontramos um paradoxo para o conceito de liberdade, “O homem está condenado a ser livre”, nós, a humanidade, o homem, a raça humana, condenada a decidir, fazer escolhas, isso o leva a ser livre para escolher, logo a única coisa que o homem consegue não fazer é não decidir, isso é, deixar de fazer escolhas.
“Estamos sós e sem desculpas. É o que traduzirei dizendo que o homem está condenado a ser livre.Condenado porque não se criou por si próprio,; e, no entanto, livre porque, uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo que fizer. (SARTRE, O Existencialismo é um Humanismo, Os Pensadores, 1978, pg 9).
Um segundo conceito, que encontramos, é o “agir”, que nos remete sempre ao ato, no campo de entendimento desse verbo, as possibilidades, a potencia, como nos ensinou o espírito academia (nous) de Platão, é passado quando o agir se apresenta efetivamente, logo potência e ato deixam o espaço contingente e se fundam na necessidade, na efetivação de uma realidade para qual esse “agir” tornou-se fenômeno.
O terceiro termo é ainda mais, de uma complexidade abissal, o “ser” habita a filosofia desde sempre, Parmênides de Eléia ((530 a.c. - 460 a.c.) entre outros pré-socráticos (essa denominação sempre me irrita), na reflexão sobre o principio das coisas (arké) colocou que “ser” é, e não pode não ser, “O ser é e não pode não ser; o não-ser não é e não pode ser de modo algum”, assim o “ser” entrou para a filosofia, como ontologia, metafísica, em Aristóteles , na filosofia primeira, a Metafísica, onde o “ser” pode ser dito de varias maneiras, o “ser” se estabelece definitivamente no pensamento ocidental (somos herdeiros do pensamento grego, não é mesmo?), e esse conceito se fez, e se faz, de tal importância, que quase três milênios depois seu fantasma ainda está presente na filosofia. Heidegger em sua obra maior, Ser e Tempo nos ensina que durante toda historia da metafísica, não foi do “ser” que se tratou e sim do “ente”, logo a metafísica se fundou todo esse tempo no “esquecimento do ser”, também dirá o pensador da floresta negra que Nietzsche foi o ultimo filósofo metafísico, pois com a inversão que fez com do platonismo, é impossível pensar o “ser” metafisicamente.
Visto que colocamos os três principais termos da proposição, no olhar discursivo da filosofia, podemos levantar uma hipótese (sem olhar o discurso da ciência) de que as escolha são feitas de acordo como os valores morais (ética é outra coisa) de cada um, descartando o absoluto no campo das vivências, nos fenômenos, dessa coisa que se chama “vida”, pois é a ela, visto que é a única que temos, que devemos nos reportar e amar a cada instante, e acima de tudo.
A segunda proposição pode ser objeto de uma próxima reflexão.

BLOG: http://turmaodafilosofia.blogspot.com.br/


Abraços e até a próxima!

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