14 de set. de 2014

Pensamentos Renascentistas

Olá pessoal!
Sei que devem estar chateados comigo mas a minha ausência tem justificativa e se chama: Faculdade!
Sim meus queridos, ando enterrada em trabalhos e mais trabalhos mas como dizia minha falecida vó, há males que vem para o bem........e com toda certeza é isso que se prega aqui. Todos esses trabalhos que estou executando logo logo estarão aqui para deleite de vocês e, para deixar uma prévia do que estou realizando farei a postagem de uma aula que tive no MASP com o excepcional Prof. Renato Brolezz sobre a obra de Rafael Sanzio -  "A ressurreição de Cristo" . Recomendo á todos participarem e o mais bacana é que as obras com que trabalha são do acervo do museu ou seja, depois você corre pra lá pra ver de perto tudo o que é relatado aqui. Bom, chega de falar e vamos para o que interessa: História da Arte!! Amo muito tudo isso!
Abraços!

 - Obra de Rafael Sanzio: " A Ressurreição de Cristo"

Século XV em Florência- Itália, período renascentista.
Óleo sobre madeira: 52x44 cm -1498-1500 d.C.

Rafael Sanzio nasceu na região de Urbino em 1483 e morreu em 1520 em Roma no domingo de páscoa de uma febre não identificada.
Ele estava terminando sua formação com seu mestre – Pietro Valute o Perugino – quando realizou esta obra. No momento tinha por volta dos seus 17 anos de idade.
Até hoje se levantam dúvidas quanto á autoria deste quadro, se realmente foi Rafael que o fez, mas mesmo que não o fosse, tal obra não perderia sua enorme importância. Os artistas não cultivavam o hábito de assinar as obras e por esta razão que se levantam as dúvidas.

Nesta época do renascimento, a matemática se volta para as artes pois, ela é a linguagem de Deus que criou para a harmonia delas. É quando iniciam os estudos em artes pelas perspectivas pois a razão, a matemática não são contrárias a fé, a religião. Neste período criam-se metáforas como: “Deus o arquiteto do mundo” por estarem envolvidos com o naturalismo ou seja, copiar a natureza é transmitir a vontade divina. Aprender matemática nesta época era estar mais próximo de Deus e tornando-se discípulo da ciência. Isto é o projeto do renascimento, pensar e sentir a fé e a razão.
A formação dos artistas da época é neo-platônica por isso a influência de realizar obras com equilíbrio, uma totalidade que lhe dêem sentido. Cria-se um amor pela unidade da composição. As figuras devem se organizar e respeitar a harmonia, simetria e unidade, tudo deve estar no seu devido lugar.

Observemos a obra:


Estratégia da pintura florentina: ter um espaço á priori, um espaço vazio. Os espaços são fatiados.
Observe que a serpente e o caramujo estão em 1º plano, em 2º plano vem o soldado de costas para nós, em 3º plano o soldado que está de frente, no 4º plano está o sarcófago e assim, todas as figuras expostas estão fatiadas ou seja, cria-se a idéia de profundidade até chegarmos á linha do horizonte que é a linha da angústia.
Rafael desenhou cada personagem separadamente, e depois foi dispondo cada um no quadro obedecendo a escala de perto, médio e longe. Podemos realizar uma brincadeira visual: imagine o quadro sem nenhum personagem e aos poucos vá colocando um á um e irá perceber que, o quadro em si não terá sentido algum se faltar qualquer um dos personagens. É a razão de ser harmônico e puramente matemático.

Voltando-se para a observação da obra, vemos que a serpente e o caramujo são representados em tamanhos tão pequenos que, poderiam passar facilmente despercebidos - lembrando o tamanho do quadro (52x44 cm) – mas o que isto significa? São seres que rastejam no mundo físico, a serpente tem seu desejo de conhecimento (símbolo da medicina) e o caramujo é obrigado a rastejar sobre seu próprio musgo. Então, eles realizam o papel contrário á Cristo. ELE se “ascende” é a “ascensão” com o estandarte da vitória na mão esquerda e a mão direita simbolizando a benção - até hoje padres, bispos e Papas utilizam a mão esquerda desta forma - e que representa o trio – Pai, Filho e Espírito Santo, a trindade cristã e assim se referindo aos repteis como seres que não se “elevam”.
Os soldados além de apresentarem emoções, Rafael dispõem os dois primeiros em um giro de 180°(antes as obras eram mais rígidas como nos quadros de seu mestre Perugino) e ele dinamiza trazendo movimento em suas obras. Podemos observar este movimento também no sarcófago onde a tampa se encontra na diagonal e fazendo a alusão de mármore e de estilo romano, caracterizando ainda a influência da arte romana. Os anjos representam o desapego, a transcendência que procura sentido para além da vida. As mulheres representam as três Maria que visitam Cristo.  
Rafael se utiliza apenas das cores primárias – azul, vermelho e verde – novamente trazendo a idéia da Santíssima Trindade sendo a idéia a vontade de Deus pois, Ele é razão. Então o desenho se torna o desejo da idéia de se tornar visível ao mundo, ele é um projeto de realização da idéia e na tradição florentina, tudo nasce da linha, então para o renascimento a idéia de Deus se transcende no indivíduo.

Portanto, o pensamento naturalista era não somente de copiar uma natureza e sim aperfeiçoá-la porque, ao copiar, você inova, é a transformação daquilo que se vê ou seja, a obra de arte deve primeiramente seduzir seus sentidos, para depois lhe mostrar a verdade. Neste quadro podemos perceber nitidamente que tudo é ordem, força do equilíbrio, agradável aos olhos mas, rigorosa intelectualmente.

Muitos abraços e até a próxima!

8 de jul. de 2014

Guardião da Arte

Pensar em obras de arte sem pensar em museu é como viver sem precisar de água! Pois bem, falar de museu juntamente com a arte é algo importantíssimo. Hoje temos vários museus espalhados pelo mundo onde guardam seus tesouros e que ao menos garantem um vasto patrimônio para a toda a humanidade mas, fica uma pergunta: como se criou esta instituição?
Na mitologia Museu é filho de Orfeu, ele tem seu corpo despedaçado pelas Mênades e jogado no rio Hebro. Na Grécia antiga Mouseion era o templo das musas que presidiam a poesia, a música, a oratória, a história, a tragédia, a comédia, a dança e a astronomia. Esses templos, bem como os de outras divindades, recebiam muitas oferendas em objetos preciosos ou exóticos, que podiam ser exibidos ao público mediante o pagamento de uma pequena taxa. As nove Musas filhas de Mnemosíne, cantavam o presente, o passado e o futuro sob a lira de Apolo.

Ao longo de toda nossa história o homem adquiriu o hábito de colecionar coisas e assim, surge o colecionismo. Eles concederam a esses objetos certos valores, sentimentais e materiais criando assim a necessidade de preservá-los. Isto é desde a Idade Média onde proliferou pelo mundo.  Os museus até aos fins dos séc. XVII e XVIII eram denominados como gabinetes de curiosidades. Anteriormente às galerias várias obras ficavam expostas em jardins e depois observando a necessidade de preservá-las (tanto de roubos como por conta de guerras) criavam em seus próprios palacetes pequenos museus. Claro que primeiramente as obras só eram vistas pelo dono e só depois foi se abrindo para os seus amigos, mais íntimos claro!




David Teniers. Galeria do Duque Leopoldo Guilherme, BRUXELAS .
Segunda metade do séc. VXII.










Em 1683 surge o primeiro museu a partir da doação da coleção de John Tradescant, feita por Elias Ashmole, à Universidade de Oxford, conhecido como Ashmolean Museum.

Mas, o primeiro a ser projetado para ser realmente um museu foi em 1769-75 o Museu Fridericianum em Kassel, Alemanha


Por volta de 1827 Sir John Soane’s, adquire três casas e as unem transformando-as em uma casa museu em Londres. Assista ao vídeo que é curto e você irá se admirar com a inteligência desta pessoa nesta criação belíssima.


Ao longo de nossa história o museu se transformou e tal transformação é contínua pois, vem adaptando-se  aos novos tempos realizando cada vez mais uma interação com o seu observador.  Hoje todos os museus oferecem atividades culturais, cursos e outros inúmeros benefícios para que possamos ter cada vez mais um contato maior com a “arte”. Observamos muito isto hoje, com a arte contemporânea onde a arte sai da tela e nos trás uma nova perspectiva, uma nova visualidade. Ela exige de você um “posicionamento” e deixa de ser apenas para observar.
Entretanto meu objetivo maior é trazer a mente de que o museu deixou de ser algo onde se guarda “coisas antigas demais” e que de nada contribuem para o nosso ser. Hoje ele busca o principal você ! Fazer com que a arte intimide seus instintos onde lhe obriga a tomar uma posição diante dela é a mais pura e brilhante experiência cultural que o ser humano possa ter então, corra ao museu mais próximo e divirta-se!

*Fontes:

 - Aulas do meu curso de Curadoria e Arte Contemporânea - Casa do Saber
 - Aulas do meu curso de Arte Sacra e Bens Culturais - Museu de Arte Sacra
 - Wikipédia.org
 - Imagens extraídas do Google imagens
 - Vídeo Youtube



26 de jun. de 2014

Trabalho de Gigantes

Hoje eu farei um post sobre esculturas e escolhi um artista da arte contemporânea, Ron Mueck, australiano de Melbourne (1958) e trabalha na Grã-Bretanha. Iniciou como fabricante de marionetes e modelos para a televisão e filmes infantis. Depois criou sua própria companhia em Londres, trabalhando para a indústria de publicidade e aos poucos foi aperfeiçoando suas esculturas desejando deixá-las mais realistas. 
Com toda certeza ele irá impressionar á todos vocês e, aos que já o conhecem se deleitem em observar suas obras extraordinárias.
Ele é um artista do hiper-realismo, suas obras fazem uma retratação da imagem humana de uma forma extraordinária. Podemos observar que ele tem uma preocupação minuciosa em colocar expressões faciais, jeitos e posturas bem realistas por todos os ângulos, onde demonstra sua aptidão em recriar a anatomia humana. É uma riqueza infinita de detalhes dos corpos humanos que em alguns casos, se não fosse pelo tamanho poderiam perfeitamente serem confundidos com seres humanos reais daí, vem a nossa primeira reação que é de total espanto. Algumas esculturas chegam a ter até 5 metros de altura!
Agora o mais curioso disto é ele próprio não se considerar um escultor e muito menos um artista:

"Jamais quis ser um escultor. Não sei bem porque faço isto mas não me imagino a fazer outra coisa. Não me considero um artista, isto é simplesmente a única coisa que sei fazer." (RON MUECK)



































Suas obras mostram a vida em sua plenitude, é a fragilidade do ser humano que nos faz lembrar de que não somos perfeitos.
Hoje a cobrança que temos em busca da perfeição faz uma perseguição desumana sobre nós. Vivemos a época da estética, da beleza, da mediocridade.
Algum tempo atrás li em um site (não me recordo qual) dizendo coisas horríveis sobre a Presidenta Dilma Rossef (primeiro quero deixar claro que o comentário não é político e sim da visão de mundo hoje). Ela se encontrava de férias em uma praia e vestia um maiô. Foram comentários absurdos sobre sua “forma física”. Fiquei horrorizada por estarem cobrando de uma mulher com mais de 60 anos de idade uma perfeição que não existe! Ela tem uma filha, governa um país (que creio não ser um mar de rosas o tempo todo) e já está na terceira-idade, o que mais eles querem???
Nosso corpo se transforma ao longo dos anos, por conta de idade, gravidez, doença e por outras séries de coisas que fazem parte da “natureza humana”.
Será então que o espanto que as obras de Ron Mueck nos causa é da alienação que foi introduzida em nós sobre o que é a estética no mundo contemporâneo? Ou isto já transformou e dominou nosso interior para rejeitar tudo aquilo que não é perfeito? 

Até a próxima!



15 de jun. de 2014

Filme - Os Sete Samurais

Hoje farei meu primeiro post sobre cinema. Afinal, cinema também é arte e não podemos deixar este assunto de lado.
O cinema nasceu da fotografia e de outras inovações como os jogos ópticos. Vamos para um breve resumo: em 1876, Eadweard Muybridge colocou 24 câmeras fotográficas ao longo de um hipódromo e tirou várias fotos da passagem de um cavalo e com isto conseguiu a decomposição do movimento em várias fotografias e através de um zoopraxiscópio pode recompor o movimento. Em 1888, Louis Aimeé Augustin Le Prince filmou uma cena de cerca de 02 segundos e por conta da debilidade do papel fez com que a projeção não desse certo.
Os irmãos Auguste e Louis Lumière inventaram o cinematógrafo, um aparelho portátil que consistia num aparelho três em um – máquina de filmar, de revelar e projetar- e em 28 de dezembro de 1895 foi organizada uma exposição pública de filmes no Salão do Grand Café de Paris. O filme exibido foi L’ Arrivèe d’um Train à La Ciotat. Foi um verdadeiro sucesso e desde então tentaram casar a imagem com um som sincronizado.
Então, o cinema nasce no período do modernismo.
O filme é da década de 50 mais exatamente feito em 1954, pelos escritores Shinobu Hashimoto, Akira Kurosawa, Hideo Oguni e dirigido por Akira Kurosawa. Os atores são: Toshiro Mifune, Takashi Shimura, Yoshio Inaba, Seiji Miyaguchi, Minoro Chiaki, Daisuke Kato, Ko Kimura.
O filme conta a história de um grupo de camponeses que sofriam frequentemente ataques de bandidos. Cansados de tanto sofrimento e numa medida desesperada, resolvem contratar Samurais para defender o vilarejo. São Samurais do século XVI e são aqueles que não possuem mestres. Pode-se observar no filme que eles não são limpinhos como o Tom Cruise em “O último Samurai”, rsrsrsrsrs! Venenos á parte sem desmerecer é claro!
Fazer um resumo sobre o filme é impossível mas, podemos observar que se trata de valores e emoções humanas ou seja, vale a pena assistir a um filme tão belíssimo!
Fica a dica, procure assistir o filme original (existem com legendas em português) e não os que possuem uma versão mais curta porque, pensar que não irá suportar um filme tão longo é um ledo engano(são três horas e meia). Não há como você dispersar sua atenção de uma obra tão magnífica, vale a pena.
Então, aproveitem um dia de frio e joguem-se para debaixo do edredom e aprecie o que a arte tem de melhor e bom filme!
Até a próxima!

9 de mai. de 2014

FRIDA KAHLO

Estava na hora de fazer um post sobre um artista e resolvi acabar com esta questão.
Escolhi Frida Kahlo e cabe a pergunta; por que ela?   Por ter me identificado e além de ser uma mulher e artista excepcional. Mas, o que vi nesta mulher? Uma força fora do comum, um trabalho de auto conhecimento que são dignos de admiração. Claro que as tragédias de minha vida são apenas 1% do que esta mulher viveu e a minha identificação se dá pelos sentimentos, sua atitude em relação á vida.
Farei uma breve biografia de Frida Kahlo.
Nasceu (06 de julho de 1907) e morreu (13 de julho de 1954) no México, sua vida inclui uma poliomielite aos 06 anos e aos 18 anos um gravíssimo acidente de bonde no qual estava onde um ferro perfurou-lhe as costas, atravessando sua pélvis e saindo pela vagina ficando entre a vida e a morte por muito tempo. E foi justamente neste período que Frida começa a pintar.
Num primeiro momento a pintura era apenas uma distração mas, com o tempo e com a vida conturbada que vivia ao lado do marido infiel Diego Rivera (casou-se aos 22 anos) passou a expressar tudo o que sentia para as telas. Seu desabafo estava ali, nas cores, nas formas e em seus autos-retratos.



Foi neste momento que Frida teve um contato profundo com seu eu. Ao mesmo tempo que apresentava ser uma mulher forte e decidida, era também uma mulher frágil. Tal fragilidade se mostrava em suas obras, apenas em suas obras e o mais nítido de todos os seus sentimentos era a dor. Dor de um amor não totalmente correspondido de seu infiel marido (Diego Rivera) e a dor de não conseguir gerar filhos. Ao longo de sua vida teve três abortos e essa tristeza profunda, foram transmitidas para as telas. 


Por esta razão que também não a considero uma surrealista como a própria declarou posteriormente:
Pensavam que eu era uma surrealista, mas eu não era. Nunca pintei sonhos. Pintava a minha própria realidade.” (Frida Kahlo)
Ela pintava sua dor. Sua vontade de querer ser feliz, a forma que encontrou de transmitir suas emoções ao mundo na minha opinião, são realmente emocionantes. Ela teve a coragem de se expor e sempre se portou de forma muito guerreira com a vida, lutando e fazendo acontecer até seu último minuto de vida. Aliás nos seus últimos anos de vida dos quais passou em cima de uma cama, ela fez um diário onde relata com detalhes tudo o que se passava em sua mente e em seu tão dolorido coração, dizendo que a melhor coisa para ela era viver, simplesmente amava viver mesmo que tudo á sua volta lhe dizia o contrário. Amo essa determinação e visão que conseguia obter da vida mesmo tendo lhe dado tantas decepções e sofrimentos.
Enfim, a arte lhe trouxe o alívio, o conforto, a sua válvula de escape. Poder revelar sentimentos tão doloridos através da arte é tão sublime quanto de como a própria arte pode oferecer este caminho. Por isso eu digo á vocês meus queridos: é por esta razão que eu amo estudar a arte. Testemunhar de como o homem e a arte conseguem realizar maravilhas tanto para o mundo como para si mesmo é a coisa mais bela de que um ser humano possa ter.
Fica aqui minha homenagem para todas as mulheres do DIA DAS MÃES e para as que podem realizar seu sonhos de mãe e para todas que a vida por sua razão desconhecida lhe negaram o direito de viver essa emoção.............

Bjs no coração!


24 de abr. de 2014

MODERNISMO

Falar aqui do Modernismo é maravilhoso. Fiquei realmente encantada com esta época assim como foi com o maneirismo. Creio que vemos uma mera semelhança nesses períodos e que se resume em uma só palavra: ousadia.
Buscando no dicionário vemos que, ousar significa atrever-se assim como fizeram os jovens pintores do pós-renascimento ou maneirismo, onde o desejo de superar seus mestres foi de grande coragem.
No modernismo digo que, também atreveram-se, rebelaram-se contra a academia e contra a natureza ali posta. A atração pela inovação, pela heresia e pelo desconhecido, é muito superior ao conhecido. Caímos no experimental e entramos numa exploração total e profunda da subjetividade.
Ao contrário do maneirismo que a ousadia consistia numa nova maneira de se compor a obra, no modernismo a atenção se volta na nova maneira de se ver as obras culturais e o papel do artista.



Como tudo isso se inicia? Com Charles Baudelaire. Por quê? Toda a sua obra é característica de um fundador do Modernismo. Temos outras sugestões para criadores do modernismo: Marcel Duchamp, Woolf, Orson Welles, Virginia Woolf ou Igor Stravínski.
Baudelaire nasceu em 1821 na França e depois de passar por duas monarquias e uma revolução na sua família, logo descobriu seu talento para a poesia. Justamente por conta da poesia em 1857 ele vai para no banco dos réus por conta de seu livro de poemas chamado “As flores do mal”. O governo imperial acusou-o de blasfêmia e obscenidade parecendo como uma auto-defesa de possíveis futuras acusações das libertinagens das altas esferas. Ele sabia que estava sendo ousado e as seis obras proibidas estavam como as mais eróticas criadas por Baudelaire.
Por outro lado, ele apenas queria acabar com a tendência de ver a blasfêmia e a obscenidade como crimes. Bom, só até aqui (ñ irei estender) vocês podem observar como foi difícil superar tais pensamentos, por isso não foi a toa que classificaram- o como modernista.

Agora, fazendo uma comparação, estamos ainda no modernismo ou somos pós-modernos? Será que este período foi o bum para estarmos vivenciando o que vemos hoje? A sexualidade que está exposta ao alcance de todos pode também dizer que isto é uma conquista dos nossos tempos?
Creio que o capitalismo percebendo que o ser humano é insatisfeito por excelência, colocou o erotismo numa forma onde as mais intimas e secretas fantasias poderiam ser realizadas e de todas as formas, em qualquer lugar e, detalhe, com quem você quiser. Estaremos sendo falsos moralistas em crucificar a sexualidade exacerbada dos dias de hoje? Isto foge de um campo no qual foi imposto como amoral?
Creio que caio novamente no questionamento do post anterior onde meu colega fala com as palavras da filosofia.
Se essa insatisfação do ser humano não existisse, estaríamos hoje vivendo de que forma? Ou será que a dualidade dessa insatisfação do ser humano seja realmente a solução, o progresso, a tragédia ou até mesmo a própria salvação da humanidade???

Segue poema de Charles Baudelaire:



Teu ar, teu gesto, tua fronte
São belos qual bela paisagem;
O riso brinca em tua imagem
Qual vento fresco no horizonte.
*
A mágoa que te roça os passos
Sucumbe à tua mocidade,
À tua flama, à claridade
Dos teus ombros e dos teus braços.
*
As fulgurantes, vivas cores
De tua vestes indiscretas
Lançam no espírito dos poetas
A imagem de um balé de flores.
*
Tais vestes loucas são o emblema
De teu espírito travesso;
Ó louca por quem enlouqueço,
Te odeio e te amo, eis meu dilema!
*
Certa vez, num belo jardim,
Ao arrastar minha atonia,
Senti, como cruel ironia,
O sol erguer-se contra mim;
*
E humilhado pela beleza
Da primavera ébria de cor,
Ali castiguei numa flor
A insolência da Natureza.
*
Assim eu quisera uma noite,
Quando a hora da volúpia soa,
Às frondes de tua pessoa
Subir, tendo à mão um açoite,
*
Punir-te a carne embevecida,
Magoar o teu peito perdoado
E abrir em teu flanco assustado
Uma larga e funda ferida,
*
E, como êxtase supremo,
Por entre esses lábios frementes,
Mais deslumbrantes, mais ridentes,
Infundir-te, irmã, meu veneno!

28 de mar. de 2014

TEXTO - ARI MONTEIRO - FILOSOFIA - PUC

Olá pessoal tudo bem?
Não me atirem pedras......sei que estou em falta com vcs mas, quem é vivo sempre aparece.
Hoje postarei um texto de um querido amigo do curso de História da Filosofia da PUC que aborda a pergunta que fiz na minha última postagem e de quebra deixarei o link do blog dele para vcs visitarem e ver que a Filosofia sempre andará de mãos dadas com a arte!
Fica a dica!


* Podemos ser livres e agir pela espontaneidade de nosso ser? Livrando - se das regras que nos são impostas hoje?

Ari Monteiro

Para fazer uma reflexão sobre a pergunta, usarei o discurso da filosofia, discurso esse, o único que nos desperta o pathos da vontade de saber, como diria Foucault.
A primeira parte da pergunta já nos faz refletir sobre três conceitos (para Deleuze, nos conceitos mora a filosofia) básicos do conhecimento (ou pretensão de) humano. Falamos de “liberdade” (Podemos ser livres), de ação (agir) e de ontologia, ou metafísica (nosso ser), como presente na proposição, são infinitos os caminhos hermenêuticos. Porém, e só assim, com o dilaceramento da frase, podemos refletir para uma pretensa resposta, melhor ainda, para uma reflexão.
A liberdade está na filosofia desde seus primórdios, em Platão com as virtudes e o discurso da razão, em Aristóteles na ética da felicidade e na lógica para estruturar, ou colocar “regras”, na maneira de pensar, de forma a se entender uma proposição. Mas é sem duvida nenhuma em Kant, o maior pensador da moral da história da filosofia, e nos iluministas, que a liberdade, como a conhecemos hoje, entrou para na pauta do mundo moderno. Em um pequeno texto chamado “O que é o esclarecimento” (Aufklärung), o filosofo da moral, diz que na minoridade ( o homem sem autonomia) é dependente de um outro homem, isso é, escravo de alguém ou de alguma coisa, pois nessa condição (minoridade) ele não tem condições de entendimento de sua realidade, ou mesmo de sua direção, e que apenas pelo esclarecimento o homem pode trilhar o caminho do “entender o mundo” e assim fazer suas escolhas, desde que dentro dos conceitos morais (assunto que não vamos tratar aqui). Logo para Kant apenas o esclarecimento pode levar o homem à autonomia, ter condições de fazer escolhas por si mesmo, isto é ter “liberdade de escolha”.
Mais próximo de nossos dias, século XX, encontramos em J.P.Sartre e no seu existencialismo, que podemos chamar do ultimo sistema filosófico da historia da filosofia, encontramos um paradoxo para o conceito de liberdade, “O homem está condenado a ser livre”, nós, a humanidade, o homem, a raça humana, condenada a decidir, fazer escolhas, isso o leva a ser livre para escolher, logo a única coisa que o homem consegue não fazer é não decidir, isso é, deixar de fazer escolhas.
“Estamos sós e sem desculpas. É o que traduzirei dizendo que o homem está condenado a ser livre.Condenado porque não se criou por si próprio,; e, no entanto, livre porque, uma vez lançado ao mundo, é responsável por tudo que fizer. (SARTRE, O Existencialismo é um Humanismo, Os Pensadores, 1978, pg 9).
Um segundo conceito, que encontramos, é o “agir”, que nos remete sempre ao ato, no campo de entendimento desse verbo, as possibilidades, a potencia, como nos ensinou o espírito academia (nous) de Platão, é passado quando o agir se apresenta efetivamente, logo potência e ato deixam o espaço contingente e se fundam na necessidade, na efetivação de uma realidade para qual esse “agir” tornou-se fenômeno.
O terceiro termo é ainda mais, de uma complexidade abissal, o “ser” habita a filosofia desde sempre, Parmênides de Eléia ((530 a.c. - 460 a.c.) entre outros pré-socráticos (essa denominação sempre me irrita), na reflexão sobre o principio das coisas (arké) colocou que “ser” é, e não pode não ser, “O ser é e não pode não ser; o não-ser não é e não pode ser de modo algum”, assim o “ser” entrou para a filosofia, como ontologia, metafísica, em Aristóteles , na filosofia primeira, a Metafísica, onde o “ser” pode ser dito de varias maneiras, o “ser” se estabelece definitivamente no pensamento ocidental (somos herdeiros do pensamento grego, não é mesmo?), e esse conceito se fez, e se faz, de tal importância, que quase três milênios depois seu fantasma ainda está presente na filosofia. Heidegger em sua obra maior, Ser e Tempo nos ensina que durante toda historia da metafísica, não foi do “ser” que se tratou e sim do “ente”, logo a metafísica se fundou todo esse tempo no “esquecimento do ser”, também dirá o pensador da floresta negra que Nietzsche foi o ultimo filósofo metafísico, pois com a inversão que fez com do platonismo, é impossível pensar o “ser” metafisicamente.
Visto que colocamos os três principais termos da proposição, no olhar discursivo da filosofia, podemos levantar uma hipótese (sem olhar o discurso da ciência) de que as escolha são feitas de acordo como os valores morais (ética é outra coisa) de cada um, descartando o absoluto no campo das vivências, nos fenômenos, dessa coisa que se chama “vida”, pois é a ela, visto que é a única que temos, que devemos nos reportar e amar a cada instante, e acima de tudo.
A segunda proposição pode ser objeto de uma próxima reflexão.

BLOG: http://turmaodafilosofia.blogspot.com.br/


Abraços e até a próxima!

22 de jan. de 2014

Maneirismo

Hoje farei uma breve conclusão dos meus estudos e da visão que obtive sobre o Maneirismo, cujo tema foi meu trabalho no curso de História da Arte na PUC-SP.
Podemos pensar que séculos atrás o indivíduo não poderia ter certos pensamentos e atitudes e que tal ação só poderia acontecer nos tempos de hoje. Creio que isto é um ledo engano, e pude observar isto no período que classificaram como Maneirismo - outros autores preferem se referir a este período como uma total autenticidade do Renascimento, essa difusão do Classicismo e do Humanismo no séc.XVI.
Seu início se deu no fim do Renascimento e foi até o nascimento do Barroco, entre 1525 a 1600. Foram apenas 75 anos em que os artistas tiveram na linguagem contemporânea “uma crise existencial”. Claro! Foi onde surgiu a dúvida; por que não se pode ir além? Por que preciso seguir regras? Inicia uma busca em ultrapassar o classicismo e acaba por fim, tomando vários caminhos.
"O caráter criador do ser humano na cultural é uma razão muito importante para indicar que o homem não se circunscreve ao tempo biológico, que o transcende"1.

A maior (minha opinião) atitude que tomaram foi a de tentarem superar seus mestres. Quem ousaria superar Leonardo Da Vinci? Rafael? Michelangelo? E toda a turma de mestres renascentistas?
Isto está presente hoje, onde a atitude de “superar” já faz parte do nosso cotidiano mas com diferenças de objetivos . No séc. XVI esta superação se dava na tentativa de ter novas experiências com a arte, e a “superação” de hoje é puro antagonismo. Entendemos que graças á essa vontade de ir além o mundo mudou, assim como a arte, ganhamos riquezas sem fim em todas as áreas de nossas vidas. Como diria o próprio Leonardo Da Vinci: Só um aluno medíocre não supera seu mestre!
"Por meio da arte, da narração literária, e em geral das ações simbólicas, se constituem os modos humanos de encontrar o verdadeiro sentido das coisas......Porque o sentido dos seres, da vida e do mundo não se conhece por meio de um tratamento puramente científico da realidade.....A racionalidade científica , por ser analítica, não descobre o significado do humano e do natural, porque o abstrai e o separa do tempo.Quando essa racionalidade pretende erigir-se em ponto de vista privilegiado, torna-se insuportável. Se faz necessário, então, o regresso às formas de “iluminação da realidade” que demonstre nela “um sentido reconhecível”, que lhe dê “familiaridade com o espírito humano”2

Hoje o que percebo é de que estamos vivendo numa “era renascentista”, onde tudo deve ser extremamente calculado, onde somente a perfeição é aceita, onde só há espaço para o belo e somente desta forma, você será aceito e feliz em seu meio social. Agora pergunto; cadê os maneiristas de nossos tempos? Onde acharemos indivíduos querendo mostrar aos olhos da humanidade que nem tudo que é bom, tem de ser perfeito!
O espírito deve ser aberto e não submisso, será que realmente temos essa liberdade hoje? Sinto dizer que não somos livres, somos hoje escravos da era tecnológica feita e gerada através de formulas e regras que para os maneiristas não serviam mais. Quem ousa mudar isso hoje? Antes, deixe me fazer outra pergunta: será que isto é possível?
Podemos ser livres e agir pela espontaneidade de nosso ser? Livrando - se das regras que nos são impostas hoje?
Fica aqui a pergunta para você refletir.
Abraços e até a próxima!

Citação:

* 1 e 2: Fundamentos de Antropologia – Um Ideal de Excelência Humana – Ricardo Yepes Stork; Javier Aranguren Echevarría – Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência “Raimundo Lúlio” (Ramon Llull). Edição 2005 - SP

17 de jan. de 2014

2014 Ano da Arte!

Olá pessoal tudo bem?
Sei que vcs podem estar dizendo agora, mas que cara de pau, falou tanto e sumiu!!
Realmente desapareci, fim de ano foi muito corrido, trabalhos e trabalhos a serem feitos e para serem entregues e quando acabou disse: ufa! Agora são férias!!
Pensei realmente em postar algo antes do fim de ano mas com a correria dei preferência por fazer isso no inicio de janeiro de 2014.
Venho aqui comunicar apenas de que não deixarei de fazer o que mais amo: falar e aprender sobre história da arte, então aguardem pois em breve estarei fazendo postagens bacanas para ler, divertir e aprender.......
Bjs e bjs em seus coraçãozinhos e que o ano de 2014 seja “o ano” para todos nós!
Rumo á Arte!
Feliz 2014